Bem, aconteceram várias coisas até aqui, das quais não escrevia sobre pois não tinha nem vontade de escrever. Acho que de tão desagradável, eu meio que perdia a vontade de escrever e tudo mais, queria ver quanto tempo eu aguentava ficar com todas esses pensamentos dentro de mim, toda essa pressão. Agora acho que chegou a hora de colocar isso pra fora ou vomitar isso tudo mesmo.
Começando do começo (oh rly, Mr Obvious?) pra quem é próximo de mim ou fala comigo uma vez ou outra sabe que a minha mãe morreu. É, isso tá sendo foda até agora, foi como uma pancada na boca do estômago, ainda não consigo imaginar que ela realmente se foi e que agora não tenho mais aquela certeza, de quando ela me dizia de que tudo ia ficar bem e que no fim das contas era tudo uma fase. Por alguns momentos ela mesma me fazia acreditar que havia uma cura, que tudo ia ficar bem, que iríamos rir juntos novamente e que ela fosse voltar pra casa, para me dar conselhos, abraços, beijos e rirmos de filmes idiotas inventando piadas e paródias sobre eles. Tenho certeza de que agora isso não existe mais. Infelizmente não terei mais esses bons momentos com ela novamente. Talvez isso tenha sido uma das coisas que mais me incomoda atualmente. A ausência dela é algo inexplicável, parece que desde que ela se foi, alguma coisa que me deixava completo por dentro, se foi também. Parece que agora tenho um buraco no meio do peito que tempo algum vai curar ou tampar. É, e ainda não posso chorar e nem demonstrar tristeza, pois prometi pra ela que sempre cuidaria da minha irmã. E é aí que entra outra questão na minha cabeça: se eu chorar na frente da minha irmã, se ela não tiver ninguém pra lhe dizer que tudo vai ficar bem, que ela sempre pode contar comigo, quem vai fazer isso? Em quem ela vai poder confiar? Eu não posso desabar, tenho que ser uma muralha da qual não pode cair nunca, pelo menos não na frente dela, ela não pode saber caso isso aconteça, nunca.
Outro fator que tem me incomodado muito, foram alguns "fantasmas do passado" (nesse caso lê-se ex-namorada). Devo admitir que quando fiquei sabendo do término do namoro dela fiquei extremamente feliz e com esperanças novamente, visto que o motivo do término do namoro dela, foi porque ela ainda gostava muito de mim e que não parava de pensar em mim. Fiquei mais feliz ainda ao não ter que esperar tanto tempo para poder beija-la novamente, pra poder ficar com ela novamente. Mal acreditava quando lá estávamos nós, nos beijando novamente no meio de tantas outras pessoas, como fazíamos antigamente. "ELA É MINHA DE NOVO, SÓ MINHA", eu pensava. Tive ainda mais certeza de que ela era minha quando fomos pra cama juntos, dormimos juntos. "EU SOU UM CARA DE SORTE, SINTO QUE AGORA TUDO VAI DAR CERTO!", pensava eufórico mais uma vez. Mas eu infelizmente, e mais uma vez, estava errado. Logo na manhã seguinte, conversando sobre coisas da vida, sobre como sentimos falta um do outro, ela me diz "Você sabe que só ficamos por hoje né?". Não sabia o que responder, não sabia o que fazer, nem lembro o que perguntei, mas lembro de ser respondido com um "É que meu término ainda é muito recente, não sei o que sinto ainda, nem deveria ter ficado com você". Parecia que eu tinha levado um soco na cara. Como pode do nada, você passar de extremamente infeliz para extremamente feliz e voltar para extremamente infeliz?
Depois de conversar mais um pouco, voltamos a dormir, abraçados. "Talvez eu estava enganado, talvez ela só esteja confusa mesmo, mas gosta de mim, afinal, se ela não gostasse não estaríamos aqui, certo?" eu conversava comigo mesmo. Acordamos eram quase 16:00. Ela saiu apressada, disse que não deveria ter acordado tão tarde e tudo mais, se arrumou as pressas, mas antes de sair do quarto chamei por ela:
-Amor!?
Ela vira com uma cara de assustada:
-Oi!?
-Te amo... - digo bem baixo para que só ela pudesse ouvir
-Eu também te amo - ela responde no mesmo tom dando um sorriso logo em seguida.
"É só uma questão de tempo até ficarmos juntos novamente, tira essa coisa da cabeça de que ela não te ama, ela acabou de dizer isso!" disse a mim mesmo me tranquilizando.
Levei ela até o ponto de ônibus (sim, sou pobre), nos despedimos e eu voltei pra casa meio feliz, meio confuso. Quando fui para o meu lugar padrão na casa (computador), deixo o celular em do lado do teclado como de sempre. Recebo uma mensagem dela se desculpando por ter saído tão apressada e dizendo que depois poderíamos conversar mais. Fui de feliz a feliz pra caralho em 2 segundos. Realmente, achei que estava no céu, achei que tudo ia dar certo, que nada mais poderia dar errado, que finalmente meu sofrimento, noites mal dormidas e tudo mais, haviam chegado ao fim. Eu era um vencedor, tinha passado por tudo aquilo e nunca desisti. Só que em alguns casos, o sofrimento nunca termina. Logo no dia seguinte ela já estava mudada. Estava estranha, me cumprimentou como um amigo qualquer. Na mesma hora fiz uma cara sem graça, daquelas que só quem passou por isso sabe como é.
-O que foi? - ela pergunta.
- Achei que íamos continuar ficando...- respondo a ela
- Mas a gente já conversou com sobre isso, quero ir com calma e....
-Não tudo bem, deixa pra lá - retribuo com um sorriso amarelo, tentando bancar o compreensivo.
Pois bem, ficamos mais umas 2~3 vezes depois disso tudo. Numa sexta-feira pergunto a ela o que ela iria fazer no fim de semana, ela me diz que iria em um churrasco e tudo mais. Acho que naquela hora devo ter perguntado mesmo mais pra ter assunto, mas no fundo eu queria chamar ela pra fazer alguma coisa, mas como eu tinha acabado de me mudar e tinha muita coisa pra arrumar, sabia que não iria render muito. Trocamos mais algumas mensagens e tudo mais. Fui dormir feliz, porque estávamos nos falando e cada vez mais parecia que tudo ia dar certo no fim das contas. Tive certeza na manhã seguinte quando ela me manda uma mensagem "Oi nenê s2". Não costumo exteriorizar alegria nesses casos, mas faltou muito pouco para que eu desse pulos de alegria. Respondi ela da mesma forma, como namorados mesmo. A conversa foi fluindo até que ela me diz que precisava de carinho e perguntou se eu iria dar a ela. Parecia que dentro do meu corpo havia começado uma festa rave. Meu coração batia forte de alegria, minha respiração ficara tão forte que eu achava que fosse morrer. "Ela me ama, finalmente vamos ficar juntos de verdade, não tenho dúvidas!". Combinamos que iríamos fazer algo na segunda-feira, que ela iria a minha casa e iríamos ver algum filme juntos. Prometi uma massagem a ela e bastante carinho, e ela, aparentemente, demonstrava intensa alegria. Parecíamos dois adolescentes apaixonados, tudo parecia perfeito novamente. No dia seguinte começou o tormento. Ficou combinado de que ela sairia do trabalho e iria me ligar. Iria me ligar lá pelas 13:00. Olho no relógio e são 14:23. "Ela deve ter ficado mais um pouco pra sair com o pessoal do trabalho dela" pensei calmamente. Olhando novamente no relógio, me deparo com o horário. Eram exatamente 17:00. Ela tinha esquecido, nem ao menos se lembrou de ligar ou nem se lembrou de que iria vir aqui. Me liga uns 5 minutos depois disso. Disse que havia esquecido o celular em casa e que não tinha como me ligar. Sinceramente, mesmo que isso tivesse acontecido de verdade (afinal, na hora eu não acreditei, como isso iria impedi-la de vir aqui?), acho que ela poderia ao menos ter ligado do celular de algum amigo ou amiga dela, afinal, ela fez isso faltando alguns dias para o ano novo, bêbada dizendo um monte de coisas que não vem ao caso, e ela havia perdido o celular.
Não sabia o que pensar depois de tudo isso, parecia que eu estava me enganando, mas ao mesmo tempo eu tentava me convencer que isso era coisa da minha cabeça. Mal sabia que não era coisa da minha cabeça, realmente isso tudo que estava acontecendo até aqui, era real. De uma hora pra outra ela começou a me tratar diferente, não havia mais aquele tratamento carinhoso, não haviam mais mensagens carinhosas. Parece que ela não era mais a mesma que eu tinha beijado no meio de tantas pessoas. Aquela coisa de amor pra cá amor pra lá, não existiam mais. Tinha medo de que os velhos tempos não fossem voltar, que todas as coisas que pensei sobre que não íamos voltar, que não poderíamos ser felizes juntos novamente, fossem verdades. E eram. Tentava de toda forma conversar com ela, tentar entender o porquê dela não querer mais, de querer se afastar, mas não tinha sucesso. Parecia que eu estava falando sozinho, parecia que eu estava gritando comigo mesmo. Até que um dia, depois de tanta insistência em querer saber sobre o que se passava na cabeça dela, ela disse o que talvez tenha sido a gota d'água para que eu colocasse (ou vomitasse) tudo isso. "Eu acho, hoje, que a gente não tem mais nada a ver". Eu tinha caído de um prédio de 30 andares. Tinha ido do paraíso ao inferno em questão de 3 segundos. Tudo aquilo que vivi então foi temporário. Essas 4 semanas foram coisas da minha cabeça. E eu mais uma vez sabia quem era o culpado. Eu mesmo. Mais uma vez eu tinha criado expectativas além do esperado. Eu tinha me enganado, tinha criado outro loop infinito de sofrimento. "Seu tolo, como pode ter feito isso novamente? Como pode ser tão burro a ponto de ter criado essa situação de novo? Você por acaso é algum masoquista doentio? Eu avisei, agora não reclame desse sofrimento, a culpa disso tudo é sua!" meu lado racional gritava comigo. Eu sabia que ele estava certo e eu não poderia reclamar do que estaria por vir, afinal, eu criei essa situação e precisava sair dela sozinho, só não sabia como e ainda continuo sem saber.
Muitas pessoas dizem pra mim que não é o fim, que ela vai voltar, que ela vai ver que eu sou a pessoa que ela ama de verdade, mas eu não sei o que pensar. Não quero mais criar expectativas com nada disso, pois sei que ela não vai voltar, afinal, se fosse pra ficarmos juntos, isso já teria acontecido a muito tempo e ela talvez não tivesse dúvida alguma. Entendo que isso talvez tenha sido muito recente e que ela precise de um tempo pra ela mesma, mas acho que depois de ter me dito que não temos mais nada a ver e que ela desiste disso tudo, eu não tenho mais o que fazer. Talvez nada aconteça e eu fiquei nisso por um bom tempo, ou talvez apareça alguém, mas agora mais do que nunca, acho que eu preciso mesmo é ficar na minha, pensar em todas as coisas que eu aprendi com essa situação toda, para que eu não repita os mesmos erros, afinal, acho que essa é a única coisa que eu posso ver de positivo nisso tudo.